Em gravação, ex-presidente debateu blindagem a seu filho 01 com Alexandre Ramagem, chefe da Abin, e com o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro
AP Photo/Eraldo Peres
A advogada Juliana Bierrenbach, que defendia o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em investigação sobre suspeita de rachadinha enquanto era deputado no RJ, diz não saber o motivo de o ex-presidente Jair Bolsonaro ter participado de reunião, em Brasília, para tratar do caso. A defensora deixou o caso em abril de 2022.
Nesta segunda-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes tirou sigilo de gravação em que Bolsonaro debateu ações para blindar seu filho número 01 com Alexandre Ramagem, então chefe da Abin, e com o general Augusto Heleno, à época ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Juliana e outra advogada que presentavam o senador estavam presentes.
Ao blog, a defensora alega que viajou a Brasília para protocolar petições sobre o caso e que todas foram negadas.
Em nota, Flávio Bolsonaro afirmou que o áudio mostra que "apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família".
"O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não "tem jeitinho" e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito", disse o senador.
Leia a entrevista abaixo:
O que você foi fazer em Brasília que acabou virando uma reunião com o presidente da República?
Fui a Brasília protocolar formalmente uma petição no GSI sobre suspeitas de irregularidades na Receita Federal.
Que suspeitas?
Eu fiz uma pesquisa e descobri, baseada até em informações públicas do SindiFisco, a prática recorrente de ilegalidades por auditores fiscais, que elegem inimigos ou desafetos para investigar, perseguir. Eu desconfiei, pela similaridade do caso que eu atuava, que o Flávio Bolsonaro havia sido vítima deste método ilegal. Imaginei que isso era uma prática recorrente na Receita e deveria ser apurada.
Mas se o objetivo era protocolar no GSI, por que o ex-presidente Bolsonaro e o ex-diretor da Abin, Ramagem, estavam presentes?
Não sei.
LEIA MAIS
Reunião gravada: Bolsonaro e entorno discutiram envolver órgãos oficiais em investigação sobre Flávio e deixar isso 'fechadíssimo'
Advogadas de Flávio discutiram pedido para o GSI descredibilizar investigação da Receita, mostra áudio de reunião com Bolsonaro
Em reunião, Bolsonaro diz que Wilson Witzel prometeu resolver caso de Flavio em troca de vaga no STF
Você sabia que o Ramagem estava gravando o encontro?
Não sabia e acho isso um método lamentável.
Qual o resultado prático da reunião?
Nenhum.
Mas por que então, você se encontrou com o secretário da Receita, José Barroso Tostes Neto, no dia seguinte à reunião?
O Ramagem disse que seria inapropriado o envolvimento do GSI no caso e que ele deveria ser encaminhado à Receita Federal para a apuração.
E o encontro com Tostes deu resultados?
Não. Todos os pedidos foram negados.